A espiritualidade é a porta de entrada para as religiões, ela e a religião se complementam, mas não se confundem. A espiritualidade existe desde que o ser humano irrompeu na natureza e diferentemente da religião que seria uma forma de instituição, a espiritualidade é uma vivência. Com a expansão da tecnologia, principalmente durante nosso dia a dia, as instituições religiosas passaram a ver isso como uma forma de estabelecer novas relações com seus fiéis e também utilizar essa modernização como um meio de exteriorizar sua doutrina, essas instituições perceberam a importância desses meios para divulgar a sua mensagem e promover as suas ações.
No entanto, o principal desafio estabelecido é se, ao fazer essa transposição de suas ações para essa renovação, estão criando uma nova forma de espiritualidade independente do desejo delas, ou uma forma diferente de fazer e viver religião. Passa a refletir também sobre a espiritualidade em relação ao sentir, nesse meio tecnológico, suas consequências e que tipo de espiritualidade surge desse espaço.
Cada vez mais, hoje, as igrejas aproveitam as oportunidades oferecidas pela internet e pelas mídias digitais em geral. A modernização já englobada nas atividades do cotidiano da igreja procura não só informar o público, como também organizar atividades, oferecer assistência espiritual, dialogar com aqueles que já vivem uma experiência de fé, entrar em contato com aqueles que estão distantes da Igreja: são muitos e diversos os usos da rede.
Segundo Papa Bento XVI, as mídias sociais são uma grande oportunidade que podem promover o diálogo, respeito e relações honestas.
O desejo de buscar novos modos para manter a proximidade da religião com os fiéis é a principal causa de alcançar a tecnologia e se renovar conforme os dias atuais. É uma enorme responsabilidade da igreja perceber o que está acontecendo na cultura e usar isso para conectar as pessoas com Deus e umas com as outras.
No Espiritismo, época de Allan Kardec, os métodos empregados para as psicografias eram lápis amarrados a cestinhas, depois utilizou-se o lápis diretamente na mão do médium, e, décadas após, as máquinas de datilografia e até mesmo, mais recentemente, os computadores, mostrando assim que o progresso é de todas as épocas, e está presente em qualquer área do conhecimento humano.
A divulgação e propagação da doutrina Espírita aumenta a cada dia com a ajuda desses novos recursos e facilita ainda mais a troca recíproca entre as pessoas, de qualquer lugar do planeta.
Um relatório descobriu que os cristãos evangélicos são o grupo mais aberto para a tecnologia, ela é mais comumente usada durante os cultos de igrejas e os membros podem acompanhar as pregações através de vídeos transmitidos pela sede.
Além da tecnologia utilizada durante os cultos, mais igrejas tem optado por alternativas eletrônicas para entregarem seus dízimos e ofertas. Assim, os membros da igreja podem permanecer fiéis aos seus compromissos mesmo quando não puderam estar fisicamente na igreja.
A igreja católica é uma instituição religiosa bem antiga que está sempre evoluindo conforme o estilo de vida de seus seguidores, e não demoraria muito para esta instituição para adicionar o mundo virtual como uma nova ferramenta.
Em 2012 ocorreu o primeiro contato oficial da igreja com seus seguidores através da internet, o Papa bento XVI publicou seu primeiro Tweet que lançava junto o site “news.va” que era um site de notícias do vaticano. Esse tweet foi o primeiro vindo de um papa e foi publicado numa conta genérica do vaticano. Esse novo método de comunicação da igreja possibilitou que os seguidores tivessem um contato maior com a instituição e com o papa, já que todos poderiam responder as mensagens que foram publicadas nessa conta.
Essa “reforma tecnológica” dentro da igreja possibilitou uma reforma da fé, diversas páginas, e contas em diferentes redes foram surgindo para promover esse contato através da internet, mesmo que esses grupos e pessoas que propagavam mensagens religiosas não fazem parte da instituição.
A facilidade do contato com a igreja e seu público pode ser algo ruim, por exemplo, quando um determinado grupo levanta uma discussão sobre um assunto que deveria ser tratado de uma forma mais discreta, mas, ao discutir isso pela internet, seja qualquer plataforma, acaba tornando algo público e de uma grande facilidade para incluir pessoas novas, expandindo os assuntos para qualquer pessoa que tiver contato com a outra, tornando em uma corrente de informações.
Dentro da internet, o mundo é muito rápido e aberto, diversas notícias chegam em questões de segundos para você, e esse foi o caso da renúncia do Papa Bento XVI, que foi anunciada pelo Twitter. Logo após a saída do papa, a conta dele foi refeita, tirando sua foto, nome e informações, voltando a ser uma conta genérica do vaticano.
Para alguns, o simples fato do indivíduo se relacionar por qualquer meio, inclusive o tecnológico, já está criando uma forma de espiritualidade ou uma forma de ver religião diferente. Porém, pode trazer alguns riscos e desafios relacionados ao individualismo. Como o indivíduo adquire ou consegue alcançar a espiritualidade nesse ambiente virtual sem ter realmente uma vivencia pelo lado espiritual? O risco é ter uma intenção, essa não ser concretizada e ainda gerar um efeito desconhecido ou indesejado. O desejo de incentivar a solidariedade, as pessoas a rezarem, pode, ao invés disso, fazer com que elas formem um Deus a sua imagem e semelhança, pode incentivar o individualismo, as pessoas podem fazer a sua própria religião.
Entretanto, este modo de relacionamento, está sendo voltado via esses meios para poder agregar as pessoas que estão dispersas. O meio tecnológico é benéfico tanto como aqueles que já frequentam uma instituição tecnológica, quanto aqueles que nunca frequentaram, pois proporciona a diminuição da distância entre o indivíduo e sua religião, e, pode ser um caminho interessante para a espiritualidade.
Por: Emerson Dutra Filho
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